Ela se sentia só. E olhava aquele rosto bonito. Sabia que tudo, a partir dali, não teria mais fim. Talvez nunca tivesse aproveitado bem aquela face, mas não haveria mais... tempo. Sentou-se no sofá. Comeu do pão. Tomou do vinho. Esperou alguns minutos; a morte não é tão apressada assim. Abriu os olhos para rever mais uma vez a lua negra. Olhou.
- Que belo!
Atentou para a porta, que dizia coisas do outro lado. Fechou os olhos. Sorriu.
- Há sobre nós o peso das horas.
Deitou a cabeça para o lado da foto. Abraçou o próprio corpo, tornando-se completa – pela primeira vez.
Há quem um dia lhe procurou; Pássaros pretos.
Voavam em busca de mais, de mais... sempre mais dela... Saboreavam a carne como se nunca antes tivessem encontrado carne mais pobre, triste e feia – era preferida deles.
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