Hoje escrevi na minha agenda mais uma lamentação sobre minha bolsa na universidade e especialmente sobre o descaso no discurso do meu coordenador sobre "não acreditarmos em revolução na educação", que vamos ensinar futuros profissionais para o mercado de trabalho, e não militar. Que ele já acreditou "nessas bobagens", mas a séculos se tenta fazer revolução na educação e de boa vontade, o inferno está cheio. É duro e grosseiro quando fala, quando nos tenta retirar todo nosso fôlego de educar, nos colocando no lixo, na ponta de um precipício. Hoje nossos lugares de poder estão muito mal ocupados. Pessoas dessa categoria, com 40 anos de história, de liberalismo e autoritarismo, entrar no projeto como esse para nos escrachar de palavras cruas e inverdades. Infelizmente sou pobre e essa bolsa me mantém longe de casa, das rédias, da zona isolada... me permite, financeiramente, permanecer tranquila por aqui. As experiências estão além do que posso explicar, das palavras cultas e rebuscadas que tenho aprendido com os tempos de escola e faculdade. Essa semana, fiz uma dinâmica de teatro do oprimido com professores e alunos de uma escola que atuo, a receptividade e as reflexões me trouxeram uma esperança que vinha em contrapartida a todo esse pessimismo dos últimos dias, semanas, meses, apesar de estar fazendo o que faço com clareza e confiança. Mas as vezes é difícil. Sempre me dizem que a realidade é mil vezes mais fria e cruel do que imaginamos e esperamos. Mas há também os contrários. A renovação das esperanças! Estou triste, por ora. Seguimos em frente, que as pedras no caminho sempre estarão lá.
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